terça-feira, novembro 08, 2005

Minha resenha sobre o CD Capital Inicial-AE

CAPITAL INICIAL - MTV ESPECIAL ABORTO ELÉTRICO
por: Richard I. Assumpção


As músicas do Aborto Elétrico resgatadas no mais recente álbum do Capital Inicial revelam não somente o contexto político-social de uma época, bem como a importância do movimento “punk” que se instalava em Brasília e em diversos lugares do mundo no início dos anos 80.

Letras engajadas e manifestos quase sempre declarados via “três acordes” conhecida como música “punk” fortaleciam a cena musical de Brasília há mais de vinte anos atrás.
O Aborto Elétrico foi a principal banda daquele movimento, apesar de outras bandas terem surgidas no mesmo momento.

A história é curta, porém promissora no seu conteúdo musical, ficou guardada a sete chaves durante alguns longos anos, o Aborto Elétrico nunca gravou suas canções, teve em sua formação principal Renato Russo (voz e guitarra), Flávio Lemos (baixo) e Fê Lemos (bateria), uma vez extinta surgiram as bandas: Legião Urbana por Renato Russo e Capital Inicial pelos irmãos Lemos.

No universo de composições do Aborto Elétrico, algumas músicas foram oficialmente gravadas pela Legião e Capital durante suas carreiras, a semente foi plantada, e o Aborto Elétrico rendeu músicas à essas bandas consagrando-as com clássicos como:”Geração Coca-Cola”, “Tédio com um T (bem grande pra você)”, “Química”, “Conexão Amazônica”,“Que País é Esse”, “Fátima”, “Veraneio Vascaína”, “Ficção Científica” e “Música Urbana”, estas foram apresentadas ao grande público de Capital e Legião.

Passados aproximadamente vinte e três anos, o Capital Inicial sob a necessidade de resgatar o que ficou guardado do Aborto Elétrico vem a concretizar o projeto de gravar um álbum-tributo, retornando ao passado e muito mais que gravar um simples álbum de músicas “punk” documentar a importância de um movimento musical o qual estava inserido o Aborto Elétrico e a afinidade histórica que sempre existiu entre o Capital, Aborto Elétrico e Legião Urbana.

O que se espera desse disco? Reafirmar o sucesso dos grandes clássicos já gravados por Capital e Legião? Reconstruí-los? Não somente e também.

As 18 faixas do álbum consolida de vez a história de uma banda que nunca gravou, mas que produziu e se fortaleceu com o tempo através de seus embriões que também fizeram história, disseminando parte de sua obra em longos anos de estrada na árdua missão de se fazer o bom e velho rock´n roll.

Legião Urbana é unânime, talvez a maior banda do rock brasileiro de todos os tempos, deixou de existir em decorrência da morte de seu maior mentor: Renato Russo (1960-1996), mas sua obra fica e prevalece.

Capital Inicial, sobrevive, sobretudo fiel, sempre apostou e compartilhou o sucesso da Legião Urbana, preservando e respeitando sigilosamente uma obra que inicialmente e por tanto tempo também lhe pertenceu, criada pela imaginação dos irmãos Lemos juntamente com Renato Russo., Capital Inicial, grava, regrava e documenta a maior pérola do rock brasileiro, a musicalidade e a genialidade de um poeta “punk”, registra o desconhecido tornando o conhecido quase inédito, assim são as músicas do Aborto Elétrico, tocadas, interpretadas e vividas pelo Capital Inicial.

1 - Tédio com um T (bem grande pra você) - nos remete à uma forma coerente de agir diante tanta monotonia.
2 - Love Song One - salva-se pela mensagem de amor, única.
3 - Fátima - sem explicação, é a força divina daqueles que acreditam em algo maior.
4 - Helicópteros no Céu - anunciam intervenção, solução pra guerra.
5 - Química – a eterna insatisfação de estudar, protesto contra o chato.
6 - Ficção Científica - talvez a maior obra de Renato Russo, na sua fase Aborto Elétrico, traduz grande conhecimento geral de seu criador, incomparável.
7 - Conexão Amazônica - objetividade a favor da ação.
8 - Submissa - simplesmente um estado de espírito e de atitude.
9 - Que País é Esse - uma obra que não envelhece, quanto mais tempo, mais atual, é o Brasil retratado numa canção dos oprimidos.
10 - Baader Meinhof Blues nº 1 - não quero ser como vocês que não fazem nada mesmo...abaixo os parasitas-políticos.
11 - Anúncio de Refrigerante - o ambiente de uma época, o retrato de uma turma que queria apenas se divertir e fazer música desprovida de qualquer rótulo.
12 - Heroína - deprimente, porém necessária, sentimento forte exposto pela realidade.
13 - Despertar dos Mortos - uma espécie de imperialismo verde e amarelo, é a definição perfeita para a falta de patriotismo do cidadão brasileiro.
14 - Veraneio Vascaína - outra que não envelhece, passadas duas décadas a segurança pública ainda se contradiz com sua verdadeira função: promover a segurança e não oprimir.
15 - Construção Civil - descreve a vida de um operário, aquele que constrói mansões e se quer tem direito à um teto digno pra morar.
16 - Geração Coca-Cola - uma resposta à dominação da política americana, vamos cuspir de volta o lixo em cima de vocês! É pra você Bush.
17 - Música Urbana - o cenário urbano, de um centro de concreto, repleto de mistério e poder, o início de tudo, do Aborto Elétrico ao Capital Inicial.
18 - Benzina – forte e polêmica, uma realidade vetada pela censura.

O disco tem propósito único, reproduzir fielmente as músicas criadas ao melhor do estilo “punk”, muita guitarra e bateria veloz, a fúria acompanha o vocal que explode nas letras diretas que estampam honestamente um cenário político, somado aos sonhos de jovens revolucionários que se manifestam, nas suas formas de comportamento e de visão crítica do mundo.

Brasília (1978-1982), Aborto Elétrico.
São Paulo, outubro de 2005, Capital Inicial e o resgate de uma história, construída em 18 faixas, auditivamente memorável.

OUÇA NO VOLUME MÁXIMO!

5 Comentários:

Anonymous Anônimo disse...

Valeu Alice.!

já foi postado na lista também.

abraço

5:43 AM  
Anonymous Anônimo disse...

Olá Irmão!

Muito legal sua resenha, ficou ótima, o que puder te ajudar será sempre um prazer, conte sempre comigo.

Abração

Adriano

6:54 AM  
Anonymous Anônimo disse...

É isso mesmo! concordo em gênero, número e grau!
As músicas do AE foram muito bem representadas pelo Capital, e as letras do Renato são incomparáveis. Gostaria muito que as bandas atuais escrevessem com o mesmo senso crítico...

4:54 AM  
Anonymous Anônimo disse...

Detestei a resenha da Alice,estava muito repetitiva,procure não usar os mesmos termos várias vezes.

3:36 PM  
Anonymous Anônimo disse...

Detestei a resenha da Alice,estava muito repetitiva,procure não usar os mesmos termos várias vezes.

3:36 PM  

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