É bem verdade que o Capital sem o Dinho não funcionou, bem como o Dinho não deu muito certo sem o Capital.
Mas isso depende de vários pontos de vista, esse disco “ao vivo” do Capital gravado em 1996 em Santos na minha opinião é uma verdadeira “obra” musical.
Esse disco me soa histórico demais, traz no vocal Murilo Lima (ex-banda Rúcula) e que hoje segue seu modesto caminho em carreira solo.
Para os mais exigentes e radicais fãs do Dinho cabe o meu sincero respeito pelo gosto e opinião pelo incomparável vocalista do Capital Inicial.
Tenho que admitir que nada ficou a desejar nesse disco, absolutamente nada, ao contrário do que muitos fãs acham.
Não concordo de forma alguma quando algumas pessoas dizem que o Capital nunca gravou um disco “ao vivo e elétrico” na sua essência, isso é uma verdadeira injustiça com a discografia da banda.
Como já disse opiniões e gostos devem ser respeitados, mas a história de uma banda não se faz por momentos ou por épocas em que tudo está bem, mídia, sucesso, hit´s em rádios etc.
O nome do Dinho sempre esteve atrelado ao Capital Inicial e imagem da banda relacionada ao Dinho.
Nunca contestei o que o Dinho significou e significa para o Capital, mas sempre questionei as constantes opiniões sobre o que chamam de “fracasso” do Capital.
O Capital nunca foi fracassado, altos e baixos sem dúvida por um bom período prevaleceram durante a trajetória da banda, isso é muito comum no meio musical.
Não se pode atribuir essa má fase da banda a saída desse ou daquele integrante, na minha opinião o Capital sempre trilhou um caminho por onde a verdade dos acontecimentos se sobressaiu de forma a provocar conseqüências por algumas vezes indesejadas.
No período de 1994 à 1998, tanto para o Dinho tanto para o Capital rendeu infelizmente essa imagem: “FRACASSO”.
Nesse período as transformações ocorreram: novas musicalidades, novos horizontes e experiências muito válidas embora árduas, a separação do Capital por um longo período rendeu também muita experiência, sabedoria e verdade e hoje está aí a prova do que o Capital Inicial representa no cenário musical.
A história discográfica do Capital não deve ser avaliada unilateralmente considerando apenas os discos com o Dinho, logicamente que 90% dessa história leva a voz de Dinho, mas o peso de 10% também faz diferença no contexto geral dos discos.
Quem nunca ouviu esse disco, deve ouvir e constatar o tamanho da energia e vigor que ele traz, é um álbum especial retrata uma verdade em se levantar a poeira e dar a volta por cima com toda dignidade, as músicas executadas nesse álbum, registram ainda que na voz de um segundo vocalista os maiores e verdadeiros hit´s que se estenderam ao longo dos anos 80 e início dos 90, bem antes do registro do acústico MTV, acreditem: esse foi o primeiro registro “ao vivo” oficial do Capital Inicial.
As guitarras do Loro nunca foram tão exploradas, distorção e execuções pra lá de elaboradas fizeram desse álbum, um verdadeiro disco elétrico.
Destaco “Kamikaze” que na interpretação do Murilo criou outra forma, vale muito a pena conhecer isso, não se trata de um “cover” do Dinho, o Murilo sempre teve “identidade” nas suas interpretações e acabou incorporando totalmente o espírito do Capital na fase pós Dinho.
“Fátima” é uma viagem, extensa e com solos de guitarra intermináveis, outra música que ficou muito boa, todas sem exceção foram dignamente tocadas e interpretadas com extrema personalidade e fidelidade à essência música do Capital, com uma pitada de mudança e de novas experimentações, nada mais que isso.
“A Manhã” e “Será Que É Amor”, são as inéditas do disco, duas belíssimas baladas, compostas por Capital e Murilo Lima.
Esse disco é muito importante, pois consegue resgatar um vigor tão intenso nas canções num momento muito difícil da banda, onde nem tudo era muito favorável e, no entanto o álbum se superou e consolidou de vez o GIGANTE! que é o Capital Inicial, foi necessário esse momento e vale aqui ressaltar com todas as palavras: naquele momento ¾ da formação original estavam firmes e presentes, daí a injustiça que se faz com esse álbum, FÊ LEMOS, FLÁVIO LEMOS E LORO JONES, seguraram a onda com muita fidelidade e foram e continuam sendo os maiores responsáveis por todo SUCESSO que hoje a banda convive tão rotineiramente.
Costumo dizer que a base, a sustentação do Capital Inicial, foi e continua sendo os irmãos LEMOS.
Basta olharmos pra trás e vermos que o Capital chegou a ter apenas dois integrantes de sua formação original, os “irmãos Lemos”, no ano de 1997, quando Loro também se afastou por alguns meses da banda e Yves (atual guitarrista) cumpriu a agenda de alguns shows substituindo Loro.
Ouça Capital Inicial “Ao Vivo” (1996) , um disco histórico.