segunda-feira, fevereiro 20, 2006

Não dá para não ouvir!


É bem verdade que o Capital sem o Dinho não funcionou, bem como o Dinho não deu muito certo sem o Capital.
Mas isso depende de vários pontos de vista, esse disco “ao vivo” do Capital gravado em 1996 em Santos na minha opinião é uma verdadeira “obra” musical.
Esse disco me soa histórico demais, traz no vocal Murilo Lima (ex-banda Rúcula) e que hoje segue seu modesto caminho em carreira solo.
Para os mais exigentes e radicais fãs do Dinho cabe o meu sincero respeito pelo gosto e opinião pelo incomparável vocalista do Capital Inicial.
Tenho que admitir que nada ficou a desejar nesse disco, absolutamente nada, ao contrário do que muitos fãs acham.

Não concordo de forma alguma quando algumas pessoas dizem que o Capital nunca gravou um disco “ao vivo e elétrico” na sua essência, isso é uma verdadeira injustiça com a discografia da banda.
Como já disse opiniões e gostos devem ser respeitados, mas a história de uma banda não se faz por momentos ou por épocas em que tudo está bem, mídia, sucesso, hit´s em rádios etc.
O nome do Dinho sempre esteve atrelado ao Capital Inicial e imagem da banda relacionada ao Dinho.
Nunca contestei o que o Dinho significou e significa para o Capital, mas sempre questionei as constantes opiniões sobre o que chamam de “fracasso” do Capital.
O Capital nunca foi fracassado, altos e baixos sem dúvida por um bom período prevaleceram durante a trajetória da banda, isso é muito comum no meio musical.
Não se pode atribuir essa má fase da banda a saída desse ou daquele integrante, na minha opinião o Capital sempre trilhou um caminho por onde a verdade dos acontecimentos se sobressaiu de forma a provocar conseqüências por algumas vezes indesejadas.
No período de 1994 à 1998, tanto para o Dinho tanto para o Capital rendeu infelizmente essa imagem: “FRACASSO”.
Nesse período as transformações ocorreram: novas musicalidades, novos horizontes e experiências muito válidas embora árduas, a separação do Capital por um longo período rendeu também muita experiência, sabedoria e verdade e hoje está aí a prova do que o Capital Inicial representa no cenário musical.
A história discográfica do Capital não deve ser avaliada unilateralmente considerando apenas os discos com o Dinho, logicamente que 90% dessa história leva a voz de Dinho, mas o peso de 10% também faz diferença no contexto geral dos discos.

Quem nunca ouviu esse disco, deve ouvir e constatar o tamanho da energia e vigor que ele traz, é um álbum especial retrata uma verdade em se levantar a poeira e dar a volta por cima com toda dignidade, as músicas executadas nesse álbum, registram ainda que na voz de um segundo vocalista os maiores e verdadeiros hit´s que se estenderam ao longo dos anos 80 e início dos 90, bem antes do registro do acústico MTV, acreditem: esse foi o primeiro registro “ao vivo” oficial do Capital Inicial.

As guitarras do Loro nunca foram tão exploradas, distorção e execuções pra lá de elaboradas fizeram desse álbum, um verdadeiro disco elétrico.

Destaco “Kamikaze” que na interpretação do Murilo criou outra forma, vale muito a pena conhecer isso, não se trata de um “cover” do Dinho, o Murilo sempre teve “identidade” nas suas interpretações e acabou incorporando totalmente o espírito do Capital na fase pós Dinho.

“Fátima” é uma viagem, extensa e com solos de guitarra intermináveis, outra música que ficou muito boa, todas sem exceção foram dignamente tocadas e interpretadas com extrema personalidade e fidelidade à essência música do Capital, com uma pitada de mudança e de novas experimentações, nada mais que isso.

“A Manhã” e “Será Que É Amor”, são as inéditas do disco, duas belíssimas baladas, compostas por Capital e Murilo Lima.

Esse disco é muito importante, pois consegue resgatar um vigor tão intenso nas canções num momento muito difícil da banda, onde nem tudo era muito favorável e, no entanto o álbum se superou e consolidou de vez o GIGANTE! que é o Capital Inicial, foi necessário esse momento e vale aqui ressaltar com todas as palavras: naquele momento ¾ da formação original estavam firmes e presentes, daí a injustiça que se faz com esse álbum, FÊ LEMOS, FLÁVIO LEMOS E LORO JONES, seguraram a onda com muita fidelidade e foram e continuam sendo os maiores responsáveis por todo SUCESSO que hoje a banda convive tão rotineiramente.
Costumo dizer que a base, a sustentação do Capital Inicial, foi e continua sendo os irmãos LEMOS.
Basta olharmos pra trás e vermos que o Capital chegou a ter apenas dois integrantes de sua formação original, os “irmãos Lemos”, no ano de 1997, quando Loro também se afastou por alguns meses da banda e Yves (atual guitarrista) cumpriu a agenda de alguns shows substituindo Loro.

Ouça Capital Inicial “Ao Vivo” (1996) , um disco histórico.

sexta-feira, fevereiro 17, 2006

Bono Vox por Dinho Ouro Preto

Acho que tenho um gosto comum. Gosto das bandas que são, em geral, as preferidas da maioria. E o U2 é uma banda da qual quase todo mundo gosta. Menos, é claro, alguns colunistas da FOLHATEEN, que não gostam de quase nada. Quando comecei a ouvir punk rock já começava a surgir o que seria os pós-punk. Nas nossas festas, rolava “Rock the casbah” e “I will follow”. Os punks mais engajados torciam o nariz, mas eu achava ótimo. O álbum “Boy” teve um impacto moderado. Era legal, mas havia outras milhares de bandas bacanas. O negócio ficou mais sério com “War”. Dali para frente havia fãs roxos, com os quais não se podia discutir. Bono na terra e no céu também. Bono está no nivel dos melhores letristas do mundo, ao lado de Bob Dylan, David Bowie e John Lennon. O que vejo de mais interessante no caso dele é o fato de ter começado a escrever as suas melhores letras depois dos 30 anos, algo muito pouco comum entre os compositores. Como ponto negativo, destaco o fato de ele ter recentemente se associado a icones dos quais nunca precisou no passado para conquistar a todos com o seu discurso. Achei o fim ele ter tirado fotos com o Bush nos jardins da Casa Branca. O beneficio foi apenas dos politicos.. Suspeito quando artistas se envolvem com causas óbvias, como o Sting com relação a Amazônia. Algo me diz que é mais em beneficio próprio do que altruismo. Afinal, fora as madeireiras, quem seria a favor do desmatamento? Seria Bono mais um desses? Afinal, ele se meteu até o pescoço com a história do perdão da dívida africana, outro assunto dificil de achar alguém contra. Até o Bush topa. A favor do Bono, duas coisas. Primeiro, ele sempre foi assim. Desde os primeiros shows era um interminável discurso do começo ao fim. Segundo, ele sempre se comportou com imensa discrição pessoal. Mesmo gostando dele, só outro dia descobri que ele é casado há mais de 25 anos com a mesma mulher e que tem filhos. Provalvelmente o perdão da dívida teria saido com ou sem Bob Geldof ou Bono. Não porque os governantes se sensibilizaram, mas porque ela era simplesmente impagável. Como ativista, Bono é um grande músico. E salvem as baleias!!!!

(Dinho Ouro Preto é vocalista do Capital Inicial)

- Folha de São Paulo (17.02.05)
- Colaboração: Alice Lazari (VendeTTaFC)

segunda-feira, fevereiro 13, 2006

Fanzine VendeTTaFC # 6

Capa do Fanzine #06 edição fev/mar-2006.